quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sexto Boletim da Biblioteca Vanessa Nahas


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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ares de BAires

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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"arteira" - Revista de Psicanálise

Começou a circular em outubro a Revista Arteira 5 da EBP- SC, coordenada por Gresiela Nunes da Rosa.
Trata-se de uma publicação não temática que, em suas diversas seções, conta com artigos de colegas da EBP e de diversas Escolas da AMP.
Na seção política, três artigos marcam a diferença entre a psicanálise e as abordagens terapêuticas, a partir da posição ética do psicanalista e as preocupações com temas da contemporaneidade. Nora Gonçalves, intitula seu artigo com a pergunta: A psicanálise, como ela pode converter-se numa força material, numa força política? E responde que este propósito pode ser alcançado, na medida em que consigamos introduzir no mundo as lógicas inventadas por Lacan, que permitem um diferente modo de pensar, ajuizar, dizer e ler o que está escrito; isto é, propõe a transposição em ato, dos efeitos adquiridos na clínica para a realidade, como condição para que possam tornar-se necessários.
Eric Laurent mostra sua preocupação com as pesquisas que visam localizar as causas do autismo e critica alguns tratamentos propostos. Com Pesquisar e punir: a ética hoje, o autor mostra que a busca da correlação entre as causas do autismo corre em ritmo acelerado e nela são arrolados fatores estapafúrdios. Fundamentalmente a preocupação de Laurent centra-se nas medidas de reeducação dos autistas, propostos por renomados centros de investigações, que voltam a sugerir inclusive o uso de eletrochoque como medida punitiva a comportamentos indesejáveis.
Cinthia Busato utiliza exemplos clínicos para situar a diferença da direção do tratamento entre psicanálise e psicoterapia, destacando que uma das premissas fundamentais da psicanálise é que o saber está do lado do analisante, e a se contruir. Em contra partida, na psicoterapia, argumenta que o saber está do lado do terapeuta e é da ordem do universal.
Os artigos de Fabian Fajnwaks e de Jussara Jovita estão inseridos na seção Corpo.
Fabian através do texto Gêneros Lacanianos, desconstrói os argumentos de diversos autores dos estudos de gêneros, que buscam evidenciar a herança falocêntrica dos textos lacanianos e da prática moralista da psicanálise. Através de interessante caso clínico, o autor mostra a presença do heteros numa relação homossexual, para exemplificar que “é a psicanálise que desnaturaliza e deseterossexualiza o desejo”, “[...] e que o outro Gozo que Lacan formula é, em si, uma crítica ao falocentrismo freudiano e uma subversão”.
Jussara Jovita problematiza as questões referentes à transexualidade, apontando para a importância de despatologizar as demandas desses sujeitos e, fundamentalmente, a autora traz à luz o importante debate que visa afastar a relação estrita entre transexualidade e psicose.
Na seção passe, dois AE nos trazem suas elaborações.
Silvia Salman (AE da AMP/EOL) transmite, em seu texto-testemunho, a experiência de esvaziamento de gozo obtido a partir do analisado em sua experiência, evidenciando: a) como a interpretação - emoldurada no dizer, no silêncio ou no ato do analista - pode ser eficaz somente quando o analisante agrega ali algo de seu; e b) como o esvaziamento da consistência do gozo, liberado da subordinação fantasmática, permite um saber-fazer-aí com o sintoma, traçando "outra borda entre o padecimento e o funcionamento".
Gustavo Stiglitz (AE da AMP/EOL) centra seu testemunho a partir de uma questão que lhe foi endereçada - Por que falar, ainda? O simbólico no século XXI - e submete sua resposta à articulação do que foi, para ele, a marca do encontro com lalíngua do Outro e a marca do encontro da linguagem com a sexualidade. Essas marcas, ao serem tratadas em análise, podem produzir novos efeitos na posição analisante, no desejo do analista que advém e no exercício do AE: falamos porque somos, enquanto seres falantes, resposta do real; falamos porque nos toca esse gozo que ex-siste ao significante, o gozo feminino. E, por isso mesmo, "fala-se não tudo e não todo o tempo". Oscar Reymundo e Silvia Emilia Esposito tecem, na sequência, alguns comentários sobre o texto-testemunho de Stiglitz.
Três autores compõem a seção mulher, mãe, feminino.
Silvia Elena Tendlarz faz um percurso expetacular pela obra lacaniana para situar as complexas imbricações, na relação entre os sexos, entre o amor, o desejo e o gozo. Demonstra, com o rigor de um saber fundado na prática clínica, como um casal libidinal só se sustenta ao tocar o mais singular de cada um, colocando em evidencia que a relação que as mulheres mantém com o amor se situa entre semblante e sintoma.
Ruskaya Rodrigues Maia discute os efeitos devastadores que podem incidir na parceria amorosa, uma vez que a primeira parceria dos seres falantes acontece no encontro com o Desejo da Mãe, desejo onde transborda o inominável do gozo da mulher que não existe (A/).
Ana Martha Maia trabalha detidamente a posição feminina de gozo e suas relações com o amor, para tocar o tema da melancolia feminina, fazendo uma articulação com a neurose obsessiva na mulher.
Na seção clínica, temos:
Virgínio Baio, quem nos oferece uma contribuição ímpar a partir do fragmento de um caso clínico, numa prática "entre vários", com uma criança autista. Virginio Baio nos dá uma verdadeira lição dessa clínica, na qual é preciso que nos situemos entre duas posições problemáticas: a de uma evitação (que não nos ocupemos de nos fazer escutar porque isso produz o contrário) e a de uma necessidade (temos que dizer algo). Disso decorre uma indicação precisa, para que façamos uso de uma fala que não provoque estragos e se preste à operação do sujeito dito autista: a condição de nos mostrarmos regulados e de nos regularmos por suas construções e/ou signos do seu próprio modo de tratar o encontro com seu Outro louco.
E Mariana Zelis, que em seu texto sobre a clínica com crianças, discorre sobre pontos fundamentais para dar um tratamento aos medos e angústias infantis, propondo uma correspondência do medo com o acting out e da angústia com a passagem ao ato.
Por fim, na seção e fica o o significante, apresentamos uma pequena elaboração, de Vanessa Nahas, em que procura, em uma instituição de saúde, uma via de abertura à construção de um saber que desnaturalize - como em geral é o caso nessas instituições -  o saber sobre o sexual.


por Laureci Nunes e Liège Goulart

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Lançamento da "arteira" – Revista de Psicanálise da EBP-SC, nº 5, por Gresiela Nunes da Rosa


Com um corpo se pode falar, dançar, pintar... escrever. Um corpo goza de muitas maneiras. A escrita pode ser uma delas. Endereçar-se a alguém, diz Heloísa Caldas, é apenas um pretexto, semblante, para que a escrita cumpra seu destino de objeto de gozo e de causa de desejo.
Enderençando-se ao Outro, a escrita pode querer funcionar como resposta absoluta, tamponamento do furo do Outro, fechamento de um saber. Esta seria a escrita pela vertente fálica.
Mas também é possível outra escrita, uma feminina, que também está causada pelo furo do Outro, pelo furo no saber. Porém, não se posiciona como resposta absoluta, como fechamento de saber. Esta é a escrita privilegiada na Orientação Lacaniana, orientação que pretende manter sempre aberta a questão sobre o que é um psicanalista, que pretende manter aberto o furo como aquilo que nos causa desejo e nos faz falar, escrever, se reunir.
Com esse espírito lançamos agora o quinto número da arteira – Revista de Psicanálise da Seção Santa Catarina da Escola Brasileira de Psicanálise. A Revista nos serve para gozar, gozar da leitura, gozar do saber, gozar da escrita, e gozando aí, podemos e pretendemos fazer avançar a psicanálise. A Revista, ainda que seja um conjunto fechado em cada uma de sua unidade, ela se pretende uma provocação, se pretende como causa, na medida em que o convite é para que cada leitor possa colocar algo de si e quem sabe possa também ser escritor no próximo número. Fica então o convite: Sejam escritores! A partir de agora já está aberto o recolhimento dos textos para o próximo número da Revista, que, se o bom deus-contingência permitir, deve ser lançado no próximo ano também na Jornada da Seção.
E agora temos ótimas notícias! Liquidação! Promoção! Porque querermos provocá-los muito. Não ao consumo puro, mas à elaboração de saber. Quem comprar a arteira nº 5, ganhará de brinde a nº 3 ou nº 4. E quem comprar os 4 primeiros números num pacote fechado pagará apenas 50 Reais.
Para finalizar, gostaria de agradecer, mas agradecer mesmo, e muito: aos autores que fizeram do seu objeto de gozo a nossa causa de desejo; aos tradutores e revisores que possibilitam que nos entendamos um pouco nesta nossa babel lacaniana; à comissão editorial, formada além de mim por Soraya Valerim, Nora Gonçalves, Louise Lhullier e Laureci Nunes que trabalharam muito para que a revista pudesse ser da qualidade que é e que estivesse agora em nossas mãos. Um agradecimento especial ao Edson Mohr e à Armi Cardoso, que permitiram com o seu trabalho que a revista ficasse dentro das normas que regulam o nosso gozo de modo que ele não fique muito disparatado. Aos pareceristas, gentis colegas de outras Seções da EBP que leram os textos e nos ajudaram a fazer uma revisa de qualidade. À Flávia Cera que nos presenteou com a foto que ilustra a capa e que também, junto com seu marido Alexandre, permitiram que a letra passasse ao papel da maneira mais bonita. Enfim, obrigada a todos!
Para brindar a este grande acontecimento que é o lançamento de mais um número da arteira e também à esse grande encontro que é esta Jornada, convidamos a todos para comer, dançar, conversar no Sobradinho Bar e Restaurante, lembrando que cada um paga a conta de seu gozo.
Abraço e até a próxima!


Gresiela Nunes da Rosa – Editora Responsável pela arteira

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Comentário sobre a VIII Jornada da EBP-SC: "...e afinal, o corpo fala?", por Silvia Espósito

Nossa VIII Jornada da EBP-SC “....e afinal, o corpo fala?”, faz parte do tema geral  “Falar com o corpo” que culmina com o VI  Encontro Americano  de Psicanálise da Orientação Lacaniana e o XVIII Encontro Internacional do Campo Freudiano em Buenos Aires, 21 a 23 de novembro próximo.
Porque o corpo? Em primeiro lugar porque, desde Freud, ele, o corpo, leva, carrega, o encontro traumático com o significante, marca original que vem do Outro. Mas também, porque hoje, o corpo que não fala, goza, sem o recurso simbólico do Outro, inconsciente que interpreta, significa. Enfrentamos assim as consequências da agitação do real que se revela na multiplicação das respostas do sujeito, drogas, álcool, bulimia, hiperatividade, pânico e as tentativas de normalizar do discurso da ciência. Na contramão desse discurso a psicanálise sem o recurso, muitas vezes, do Sujeito Suposto Saber que interpreta, precisa inventar um  Outro para cada um. Ou seja, sem interpretação, o que se impõe é o sintoma sem sentido.
Daí a importância que teve nossa jornada. Foram dois dias de intenso trabalho. Do ponto de vista epistêmico a Jornada foi um sucesso, a começar pela Conversação Clínica orientada pelo convidado Internacional José Fernando Velasquéz,  colega da Nel /AMP,  sobre dois casos de crianças, que com estilo simples e preciso  apontou a busca do ato analítico sob transferência.
Do mesmo modo o seminário “Do sintoma na criança ao sintoma da criança”, ministrado pelo próprio José Fernando Veláquez, brilhou pela clara e entusiasmada transmissão teórica. Assim como da forma generosa de contribuir com a sua solida experiência clínica. A transmissão fundamentada na lógica dos nós guia no passo da fala à leitura do significante na sua materialidade.
 O animo não foi menor na leitura e debate dos trabalhos apresentados nas mesas redondas.
“O real que se agita nos corpos” foi o primeiro tema em que se delineou a definição do real e a agitação contemporânea. O percurso do tema atravessou o estádio do espelho e a construção da imagem ficcional identificatória do corpo, a relação do real e os corpos, um caso de uma criança que não queria saber de palavras, exemplo  de orientação transferencial pelo significante  pela via do  real , por ultimo  um texto que refez o percurso Freudiano de inibição, sintoma e angustia, sob o suposto do sintoma como mensagem ao Outro.
O tema “Diferença, igualdade e diversidade sexual”, perpassou a distinção entre o falo e a função paterna, o corpo na dança de salão, o que não se escreve da indeterminação da diferença sexual, e por último, o debilitamento dos significantes mestres de identificação e as consequências das políticas de igualdade universal, a luz do novo mestre.
“Corporificação do sintoma”, tema da terceira mesa, nos ofereceu o acontecimento do corpo em relação ao sintoma como escrita selvagem do Um. O trabalho pôs o acento e pergunta sobre o lugar do corpo na experiência analítica. A passagem da escuta à leitura foi o que se destacou em outro texto e, para terminar, a relação entre trauma histérico e sintoma em Freud e o acontecimento do corpo irredutível à decifração.
No fechamento, “Corpo e política” levou a pensar nas surpreendentes manifestações de julho e a dificuldade em poder nomear e transformá-las em acontecimento. O seguinte trabalho se organiza a partir da formalização “do acontecimento do corpo” de Lacan e da “prática artística” do happening, dos anos 50. Arte e psicanálise amarrados à contingência, ao acaso, do sem sentido, do tempo, do espaço dialogam no texto.
“No avesso da política é o silencio dos corpos” e a partir de uma afirmação, sim, o corpo fala, aponta a pergunta sobre os efeitos do “discurso político no que se refere a valorização ou ao desprezo pelo corpo que transparece nas falas dos que decidem sobre o que é legitimo fazer com...eles...” tema atual da banalização da violência. Por ultimo “Na hora e a vez de um corpo” isola a frase “Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua” Qual é a hora de corpo? Murmúrio repetido, repetido para esquecer, é a lei separada do corpo, sem poder decifrá-la.  Concluiu que o ato analítico inaugura a hora de um corpo.  
De tal modo que, com vistas a responder a provocação do título chegamos a nos perguntar, como faz Eric Laurent, “como falam os corpos para além do sintoma histérico, que supõe no horizonte o amor ao pai”? Lacan retoma a questão da identificação em Dora, não do mito freudiano, mas da experiência analítica. A partir do passe e do final de analise é que Lacan isola “identificar-se ao sintoma”. Sintoma que esta do lado do saber /não sabido. “O real como ideia limite”, do que não tem sentido. Passagem da fala à escrita, escrita de um gozo inaugural, contingente, que não se apaga. Fora de um querer dizer.
“Voo para a Liberdade” é o nome do projeto fotográfico cedida pelo Instituto Arco Iris, Organização da Sociedade Civil de Interesse Publico (OSCIP) que desenvolve a promoção da saúde, cidadania e direitos humanos com população em situação de vulnerabilidade e exclusão social. Projeto concebido, inicialmente na prevenção às DST/AID e a redução de Danos associados ao uso abusivo de drogas, nos presídios femininos do Estado de Santa Catarina acabou por introduzir o resultado relevante das oficinas de produção de fotografias. O sonho de liberdade de cada uma se materializa no envio das fotos aos familiares além dos muros. A  produção que se separa e cria assas. E o que me parece o mais importante, que marca o alem, é a foto como objeto de arte, arte anônima.
Belo exemplo pelo qual parabenizo de uma experiência que começa com a prevenção e que pela via da surpresa pode ultrapassar o limite e escutar os sonhos das internas.
Agora, me resta agradecer a todos os que participaram da Jornada, e contribuíram para fazer dela um evento que queremos repetir.

Silvia Emilia Espósito -Diretora Geral




quinta-feira, 17 de outubro de 2013


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Quinto Boletim da VIII Jornada da EBP-SC


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