domingo, 13 de julho de 2008

A MULHER ATUAL E O IMPERATIVO DA FELICIDADE


Ante a subjetividade de nossa época, afetada pelo declínio vertiginoso dos ideais paternos e pela ascensão do objeto a como mais-de-gozar, a ciência responde com promessas de felicidade e de garantia de jovialidade, provocando no homem atual um empuxo desenfreado aos objetos de consumo, oferecidos à pronta-entrega pelo mercado capitalista.
Ao se interrogar a respeito do propósito da vida, Freud - em seu brilhante artigo de 1930, O mal-estar na civilização, cujo título revelador foi originalmente proposto como A infelicidade na cultura - enfatiza que a busca da felicidade perene é a ânsia maior do homem em todas as épocas: “É simplesmente o programa do princípio de prazer”, que se concretiza pela presença do prazer intenso, pela satisfação pulsional sem renúncias. Insaciável, o princípio de prazer tenta combater tudo que impõe limites a ele. Contudo, essa luta está invariavelmente fadada ao fracasso, “todas as regulamentações do universo são-lhe contrárias”, diz Freud. Os ditames do princípio de realidade logo força o ser humano a controlar seus desejos em estado bruto.
No que concerne à “querida mulher” na conjuntura atual, vamos encontrar um sujeito subjugado a um imperativo de gozo superegóico: GOZA! frente ao qual ele apenas responde: OUÇO! OBEDEÇO! Refém de um discurso que dita um padrão de felicidade, beleza, juventude, autonomia e realização a qualquer preço, ela não mede sacrifícios para se colocar a altura desse Ideal infernal de “dever ser”. A mulher moderna “deve ser”: feliz, auto-suficiente, livre, independente, linda e realizada, mas “não deve” se apaixonar, diz Leda Guimarães. E acrescenta que se trata do “avanço vertiginoso de uma nova máscara da feminilidade”. A máscara da mulher “multi-facetada” em suas várias potências fálicas: a malhadora diet; a profissional realizada; a politizada; a amante liberada; a mãe psicopedagogizada...
Qual deve ser a ação do psicanalista no sentido de contrapor-se a essas verdades universalizantes sustentadas pela subjetividade de nossa época?

Cleudes Maria Slongo - (responsável pela Oficina da Clínica do Feminino- EBP/SC - em formação)

A “Oficina da Clínica do Feminino” e a Seção SC, convidam para a Atividade Preparatória à III Jornada da Seção SC e XVII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano.
Data: 14/08/08
Horário: 20:00 horas
Local: Sala de aulas da Seção SC.

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