No dia 08 de maio, foi apresentada a palestra “Ser mãe nos dias de hoje: um desafio” na escola de ensino infantil “Orisvaldina Silva” na Lagoa da Conceição, Florianópolis; dirigida aos pais e à comunidade em geral.
Levamos a psicanálise e o que ela pode dizer no que se refere à filiação e ao lugar da mãe na época atual, com todas as dificuldades que estão se apresentando cotidianamente nos lares.
Se a biologia não consegue responder no que diz respeito aos laços de filiação e aos sintomas que vão aparecendo, para a psicanálise, trata-se a diferencia, de construções simbólicas, imaginárias e reais. O filho para ser tal deverá adotar os pais, independente de estes serem pais “naturais” ou adotivos; a sexualidade e a procriação estão separadas, e isto se vê com mais determinação nos tempos do consumo e da predominância dos gadgests como objetos de mias de gozar. A sexualidade é Não-toda, por isto, não há um total encontro feliz entre os parceiros, sempre haverá falha, a coisa não funciona...O mesmo acontece com nossos filhos: os sonhamos bonitos, brilhantes, exitosos e felizes; mas a vida os vai levando por caminhos imprevisíveis para nós, e sofremos também com eles e suas escolhas e falhos.
Que poderia vir a dizer a Psicanálise para os pais destes tempos de consumo excessivo, de falta de sentido e pluralidade de opções? Que numa época de falta de padrões, e modelos, e de proliferação de modos enumeres de gozar, os pais ficam sem orientação, e a única opção é inventar modos de saídas para estas situações e modos de “educar”; cada mãe deverá construir e inventar o próprio estilo de ser mãe, e ninguém poderá lhe dizer qual seria a forma ideal, porque não existe. Não há mais Pai organizando a cena.
Na escola havia um público formado por pais e educadores, a participação foi grande e muito interessante. Perguntaram mais do que qualquer outra coisa se algumas situações com a vida dos filhos poderiam ser “contra-indicadas”, ou se levariam a riscos futuros: por exemplo, um pai perguntou se na vida da sua filha poderia ter conseqüências o fato de ela estar sendo cuidada por várias pessoas da família como ele, a avô, a tia e a mãe, já que a mãe passa várias horas fora de casa. Outro pai destacou o seu jeito de não bater jamais e falar até o cansaço com os filhos, sendo que sua mulher (presente) às vezes dava um tapa, mas ele preferia esgotá-los com a fala. As diretoras da escola falaram muito sobre como é importante, e ao mesmo tempo muito trabalhoso, se lidar com as diferenças das crianças dentro da escola, pelas diversidades das famílias (econômicas, educativas, culturais, etc).
O mais interessante, no entanto, foi a abertura das pessoas para entender que estamos numa época complicada no sentido do sem “parâmetros”, mas também das melhorias: agora há que se escolher, há que escutar e falar com os filhos e que as instituições também estão indo nesse sentido: abertura à diversidade e criação de formas novas de lidar com os gozos mortíferos das nossas comunidades...E a Psicanálise está ali!!! Na cidade!!!
Laura Fangmann - Correspondente da EBP-SC (em formação)
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