A psicanálise foi por Freud inventada a partir da fala das mulheres. Uma em especial ocupa lugar de destaque. É Anna O., que vêm demonstrar pela primeira vez que o sintoma histérico reage à palavra. “Talking cure “, dizia seu médico deslumbrado.
Ao percorrermos a obra freudiana desde as primeiras cartas a Fliess até os textos inacabados dos últimos anos, resta-nos poucas dúvidas de que para Freud a psicologia da mulher sempre foi mais enigmática que a do homem. Numa carta à princesa Marie Bonaparte, ele diz que a grande pergunta cuja resposta jamais encontrou e que não pôde, por conseguinte contestar, apesar dos trinta anos de investigação da alma feminina, era: “O que deseja a mulher?” (Was will das weib?). Desde então, essa referência se tornou clássica e inevitável para quem se interessa pela clínica do feminino.
Com o enunciado “A mulher não existe” Lacan não fez outra coisa senão consagrar a lógica que anima o dizer de Freud, prolongando com isso, a interrogação freudiana e fazendo dela o índice de que ali há uma referência vazia, ou seja, a ausência de resposta sobre o que é a feminilidade.
A criação desta Oficina surgiu do desejo de dar continuidade e aprofundar a investigação clínico-epistemológica, ao redor da sexualidade feminina e seus impasses, iniciada em outubro de 2006, pelo “Grupo de Estudos e Conversação sobre a Clínica do Feminino”.
Deixando-nos orientar pela veia condutora dos pensamentos de Freud e de Lacan, nos propomos a imprimir na Oficina um estilo de funcionamento que possa refletir o próprio processo da análise – construindo e reformulando permanentemente nossos pontos de vista a respeito do tema em questão – mantendo desse modo, a característica de um constante enigma a ser descoberto. Enigma este que é a própria marca do feminino.
A Oficina funciona sempre às quintas-feiras, quinzenalmente, no horário de 20:00 horas, e está aberta a psicanalistas, estudantes e profissionais de outras áreas, que possuam alguma transferência com as questões do feminino.
Núcleo de estruturação da Oficina: Cleudes Maria Slongo (responsável pela atividade), Jussara Jovita Souza da Rosa e Maria Cristina Vignoli.
Cleudes Maria Slongo - Correspondente da EBP-SC (em formação)
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