Aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de março, uma Conversação Clínica preparatória para o Congresso da Associação Mundial de psicanálise (AMP) – Os objetos a na experiência analítica – e uma Assembléia Geral dos membros da Escola Brasileira de Psicanálise (EBP). A Conversação Clínica, que foi coordenada por Sérgio Laia, realizou-se a partir de nove casos clínicos distribuídos em três mesas, cada uma delas contando com os comentários de um debatedor. Cada um dos casos abordou alguma das faces do objeto a: o olhar, as fezes, o objeto oral, o objeto na psicose, o objeto fóbico.
Um das questões relevantes para a discussão sobre os modos de aparecimento e arranjos possíveis com os objetos a no trabalho clínico, foi acerca do objeto a na psicose. Se no primeiro ensino de Lacan se tratava da não extração do objeto na psicose, a partir do segundo ensino trata-se de poder “passar o objeto para a condição de semblante para que o sujeito possa fazer laço com o Outro”.
A Assembléia Geral, coordenada por Elisa Alvarenga, como Presidente da EBP, além de outros pontos importantes, apresentou os novos conselheiros da EBP, e o novo Presidente do Conselho e, portanto, Presidente da EBP Iordan Gurgel. Nós da Seção Santa Catarina* ficamos contentes e honrados com a participação do Diretor da Seção Oscar Reymundo no Conselho da EBP. Também recebemos com satisfação a notícia da integração de Silvia Espósito ao Conselho da Seção Santa Catarina.
Vanessa Nahas
Diretora de Biblioteca
* (em formação)
segunda-feira, 24 de março de 2008
sexta-feira, 7 de março de 2008
"Ideologia da avaliação, império do número e segregação contemporânea"
Quarta-feira, 5 de março, respondendo ao convite que me fizera a professora LuzRodriguez-Carranza, titular de Literatura do Departamento de CulturaLatinoamericana da Universidade de Leiden, Holanda, dei uma conferência sobre"Ideologia da Avaliação, império do número e segregação contemporânea", paraprofessores da casa. A idéia surgiu de uma conversação com a professora Luz, que há alguns meses atrás, estando ela no Brasil, comentou sua preocupação com onúmero crescente de alunos que apresentam certificados psiquiátricos parajustificar suas ausências e dificuldades com os estudos.
Durante a reunião, que teve em torno de 15 professores e dois alunos, o assuntoque mais chamou a atenção dos professores e que mais custou situar nos termos em que eu queria transmitir, foi o da segregação. Foi muito esclarecedor, para mim,acompanhar, durante a conversação que seguiu a minha exposição, o trabalho paradiferenciar o não-todos, próprio de um processo de avaliação sobre as condiçõesrequeridas para aprovar ou não uma disciplina, da segregação do sujeito dapalavra, que é o próprio da abordagem cognitivo-comportamental das dificuldadesde um sujeito. Uma vez situada essa diferença, começaram a surgir exemplos dasdemandas que os alunos, que apresentam certificados sobre as mais variadasdesordens que possamos imaginar, dirigem para os professores. "Eu tenhodistúrbio de atenção. Veja o que o senhor pode fazer para não dificultar meusestudos". "Meu psiquiatra me disse que eu tenho fobia social e que não possoexpor-me em público. Como a senhora vai me avaliar?". "Eu sofro de ansiedade e nãosuportaria uma prova muito difícil".
Foi muito instigante perceber como, aos poucos, os professores foram falando sobre afalta de recursos para lidar com estes novos fenômenos, uma vez que recorrer aosaber do velho mestre disciplinador parece não dar bons resultados diante detanta manifestação de direito ao gozo. Finalmente, a pergunta sobre comosituar-se perante esta novidade criou espaço para eu dizer que embora sejaimportante elaborar uma posição institucional, com certeza não existe umsituar-se para-todos-igual e que o importante é que cada um, cada professor,possa produzir um saber próprio sobre como responder a essas demandas denão-implicação dos alunos em relação com a própria aprendizagem e formaçãoprofissional. Acho que ficou claro que a psicanálise tem muito para colaborarcom estas questões tão de nossos dias.
Oscar Reymundo (EBP - AMP)
Durante a reunião, que teve em torno de 15 professores e dois alunos, o assuntoque mais chamou a atenção dos professores e que mais custou situar nos termos em que eu queria transmitir, foi o da segregação. Foi muito esclarecedor, para mim,acompanhar, durante a conversação que seguiu a minha exposição, o trabalho paradiferenciar o não-todos, próprio de um processo de avaliação sobre as condiçõesrequeridas para aprovar ou não uma disciplina, da segregação do sujeito dapalavra, que é o próprio da abordagem cognitivo-comportamental das dificuldadesde um sujeito. Uma vez situada essa diferença, começaram a surgir exemplos dasdemandas que os alunos, que apresentam certificados sobre as mais variadasdesordens que possamos imaginar, dirigem para os professores. "Eu tenhodistúrbio de atenção. Veja o que o senhor pode fazer para não dificultar meusestudos". "Meu psiquiatra me disse que eu tenho fobia social e que não possoexpor-me em público. Como a senhora vai me avaliar?". "Eu sofro de ansiedade e nãosuportaria uma prova muito difícil".
Foi muito instigante perceber como, aos poucos, os professores foram falando sobre afalta de recursos para lidar com estes novos fenômenos, uma vez que recorrer aosaber do velho mestre disciplinador parece não dar bons resultados diante detanta manifestação de direito ao gozo. Finalmente, a pergunta sobre comosituar-se perante esta novidade criou espaço para eu dizer que embora sejaimportante elaborar uma posição institucional, com certeza não existe umsituar-se para-todos-igual e que o importante é que cada um, cada professor,possa produzir um saber próprio sobre como responder a essas demandas denão-implicação dos alunos em relação com a própria aprendizagem e formaçãoprofissional. Acho que ficou claro que a psicanálise tem muito para colaborarcom estas questões tão de nossos dias.
Oscar Reymundo (EBP - AMP)
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