domingo, 8 de maio de 2011

Às vezes o simbólico dá uma esticada e algo novo surge no dia a dia da comunidade.

Coisas que acontecem. Poucos dias depois do IX Congresso da EBP, de Tiradentes, cujo nome foi “Os limites do simbólico na experiência psicanalítica hoje” e poucos dias antes da realização do Enapol 2011, do Rio, cujo título é “Saúde para todos não sem a loucura de cada um”, o Supremo Tribunal Federal brasileiro decidiu que a união estável de pessoas do mesmo sexo, biológico, tem, a partir do dia 5 de maio de 2011, os mesmos direitos e as mesmas obrigações que a união estável de pessoas de sexo, biológico, diferente. Algo sobre o que não se podia legislar foi afetado pelas palavras decididas de alguns juízes e uma nova realidade, uma nova ficção, surge no dia a dia brasileiro. Acho que é lícito pensar que este avanço simbólico efetivado pelo STF coloca um limite ao gozo mortífero presente no discurso dos que acreditam que a sexualidade do ser falante é coisa já decidida por algum saber além do humano. 
A experiência psicanalítica hoje terá que se a ver com esta nova ficção, jurídica, que tanta rejeição já produziu no campo psicanalítico, assim como terá que saber virar-se com que união estável para todos não poderá nunca ser sem a loucura de cada um. 

Oscar Reymundo 
Psicanalista, EBP/AMP

Nenhum comentário: