segunda-feira, 30 de junho de 2008

A droga da felicidade


A vinculação que tem se inventado entre a legalização das drogas e a queda significativa do consumo das mesmas, não passa de uma elucubração que acredita ver na proibição a causa das práticas de intoxicação, isto é, a causa do querer ter acesso ao objeto proibido. Quando nos dispomos a escutar um sujeito toxicômano mantendo distancia da ânsia de curá-lo a qualquer preço, ou melhor, de “curá-lo” via a repressão, nos fica claro que a satisfação que o sujeito consegue com a prática da intoxicação, na luta pela felicidade entendida como nada querer saber sobre a miséria neurótica, adquire tamanho valor que ‘indivíduos e povos inteiros tem lhe atribuído uma posição fixa na sua economia libidinal’, como destaca Freud em O Mal -estar na Civilização. Do fazer com a substância ao tratamento do gozo com a palavra continua sendo a aposta da psicanálise nos tempos em que a exigência de gozar se confunde com um imperativo de felicidade que, paradoxalmente, deixa o sujeito tão desorientado quanto infeliz.

Oscar Reymundo - EBP, AMP

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